quinta-feira, 5 de outubro de 2017

VIDA DE CACHORRO - I



 Dois cães – uma cadela e um cachorro – sem raça definida sempre conversavam através de uma cerca em pátios de seus donos vizinhos: uma dona solteira e jovem com amigos que a visitavam seguidamente e um dono, também solteiro, que era um tremendo boa-vida e seguidamente promovia festas que varavam as madrugadas, perturbando toda a vizinhança.

 Eles (os cães) eram conhecidos pelos seus respectivos donos, ela como Violeta e, ele, como Diamante. O dono de Violeta, lhe dera esse nome porque havia namorado uma moça que tinha esse nome mas o romance, apesar de ter durado muito tempo, havia acabado com algum ressentimento de ambas partes. Ele era chamado por sua dona de Diamante porque ela considerava que seu valor para ela se comparava a dessa preciosa pedra.

 Aos sábados pela manhã, os dois caninos se encontravam na frente das residências enquanto seus donos, livres de seus afazeres profissionais dormiam cada qual em sua cama, claro. Eles mantinham um relacionamento de bons vizinhos e, também, às vezes, conversavam sobre trivialidades em eventuais encontros ao saírem ou chegarem do trabalho. Muitas vezes, referiam-se a essa amizade mantida pelos seus amigos ditos irracionais.

 Violeta e Diamante, às vezes, encontravam-se no pátio de frente da casa onde ela morava – a do vizinho porque cabia ao “cavalheiro” (no caso, o cachorro) pular o murinho que separava os dois terrenos, pois não seria uma “dama” (no caso, a cadela) que pularia uma cerca para visitar um macho, mesmo que fossem apenas amigos sinceros. Ali ficavam por algum tempo a comentar a vida no bairro, trocando idéias sobre a vida de cachorro burguês, que costumava ser bem melhor do que a de alguns humanos por ali.



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