quarta-feira, 14 de setembro de 2016

IMPEDIMENTO: A VINGANÇA DA ELITE



 Deixei passar um pouco de tempo do final patético protagonizado pela assembléia dos anciãos da pátria que culminaram com uma “apropriação indébita” de um mandato popular sem qualquer razão plausível para que isso acontecesse, para reordenar minha mente e atinar com a verdadeira motivação para que isso acabasse ocorrendo.

 Cheguei a uma conclusão. A motivação não foi política muito menos jurídica. O que levou a maioria das excelências e cassarem o mandato da Presidenta foi VINGANÇA.Simples assim: vingança da elite que comanda as ações sociais, políticas e econômicas que vicejam no País, desde seu descobrimento. Naturalmente que deve  reconhecer-se que houve uma evolução na metodologia utilizada, mas a ambição é a mesma: dominar e fazer com que não haja nem uma pequena mudança em favor de quem não faça parte de seu clã. Os mais abastados devem continuar usufruindo de todas as riquezas desta maravilhosa terra (abençoada por Deus, dizem alguns) e o proletariado (ou o quer que o represente) deve continuar pagando a conta...e calado pelo que se vê de repressão nas ruas. O Congresso – os que recomendaram (a Câmara) e os que cassaram (o Senado) foi, apenas, mero instrumento para que essa elite repressora e retrógrada atingisse, mais uma vez, seu objetivo. Digo retrógrada porque não consegue visualizar que – se não abrir mão de nada - mais cedo ou mais tarde, vai sofrer uma derrota pela ambição desmedida que a faz acumuladora de bens cada vez mais em benefício de uns poucos privilegiados.

 Esse desejo de vingança não é de agora. Ela se revela contra os primeiros benefícios estipulados pelas leis trabalhistas, há décadas, proporcionadas por um governo popular e continua, reforçado, depois, pela eleição de um torneiro mecânico quase analfabeto para presidente. É vingança, sim, contra o fato de que 30 milhões saíram da pobreza absoluta e outros milhares puderam atingir uma universidade. Vingança contra um governo que obteve respeitabilidade a nível internacional e conseguiu pagar sua dívida externa. Depois de tudo, ainda o “populacho” comete a ousadia de eleger uma ex-guerrilheira que combateu o regime que eles apoiavam. Isso é muita afronta e não pode ser admitido que continue grassando esse nivelamento social que pode acabar eliminando a diferença que deve ser mantida entre classes socialmente desniveladas pela mãe-natureza.

 Então, quando eles votavam “sim”, estavam dizendo “não” a um mandato que, se não foi brilhante, ao menos continuou seu lento trabalho de distribuição de oportunidades para um maior número de brasileiros. Como já disseram “não” à tributação das grandes fortunas; à CPMF que não deixa ninguém fora e estabelece um controle de movimento de capitais que hoje escapam ao fisco. Disseram “não” ao financiamento do estudante de baixa renda; disseram “não” ao bolsa-família e ao Pro-Uni.  Disseram “sim” à privatização das estatais e à entrega da Petrobrás ao capital estrangeiro.

  O Congresso, neste momento, personificou tudo o que existe de entreguista e atrasado em nosso País em matéria política. Representou, brilhantemente, a elite que reina no País com plenos poderes, graças a uma mídia que solapa a informação e trama junto com essa elite sua permanência na direção de uma administração que acaba igualando nosso País a uma republiqueta qualquer onde os poderosos decidem tudo a seu bel-prazer sem qualquer preocupação com o restante da sociedade.

 Por isso, acredito que, acima de qualquer outra motivação, a causa principal deste falso Impedimento, foi o desejo de vingança da nossa elite contra o pouco que poderíamos estar alcançando em matéria de avanço social.