quinta-feira, 14 de julho de 2016

UM PAU FAMOSO


 Dá para dizer que, atualmente, ele é o pau mais famoso do mundo. Ele pode ser pequeno ou grande, guardadas as proporções de sua finalidade e de seu portador eventual. Ele pode ser de madeira; de ferro ou seja lá de que matéria possa existir modernamente. Suas cores variam conforme sua constituição e gosto de seu proprietário.

 É usado por muitos, independente de faixa etária. Também não faz distinção de sexo ou nacionalidade para escolher seu dono. Homem ou mulher e recebe exclamações em várias línguas. É exibido com galhardia e o que se vê é que todo o mundo sorri quando o enxerga. Em resumo, ele sempre trouxe alegria desde que foi concebido. Acho que é uma espécie de guru para alguns.

 Ele é facilmente portável. Pode ser pendurado no cinto ou carregado em uma bolsa feminina dessas que levam de tudo um pouco.

Parece que veio para ficar. Ao menos até que seja inventado um outro instrumento que possa substituí-lo com mais vantagens.

 Ao vermos sua proliferação tão rápida, chega-se a conclusão de que ele passará a ser uma necessidade em breve. E isso não deixa de nos levar a pensar que ele vai acabar com muitos contatos cordiais que acabam se formando, durante uma viagem, principalmente, após um inevitável “Pode-fazer-o-favor-de-bater-uma-de-nós?”. Da resposta poderia  acontecer um contato inicial que acabaria concretizando – quem sabe? – uma futura amizade até mesmo internacional, às vezes. Agora, não! Depois do surgimento desse pau, as pessoas já não vão ter uma desculpa para “quebrarem o gelo” em um passeio conjunto em lugar freqüentado pelos turistas.

 Em resumo, esse pau, em vez de apenas ser útil para suprir a deficiência de um aparelho que faz quase tudo (um telemóvel, por exemplo) vai acabar contribuindo ainda mais para o isolamento das pessoas, ou não? As pessoas, agora, são autossuficientes para se auto-retratarem sem terem que levar um tripé pesado e incômodo de carregar. É a tecnologia e o talento criativo aumentando os canais que proporcionam maior incomunicabilidade. Será que os que ainda não aderiram ao “pau-de-sélfi” (Estou falando dele, é claro) também já não sentiram que não podem usar o “bate pra mim” pois vão ser julgados chatos porque não se renderam ao modernismo?

 Bom, isso podem ser apenas ponderações que podem ser muito fundamento, mas já me levam a vacilar na minha crença se estamos entrando na “geração do boné” ou na “geração do pau-de-sélfi”. Deixa pra lá!...