sexta-feira, 15 de agosto de 2014

FALANDO EM CULTURA FRONTEIRIÇA

Aldyr Schlee lança mais uma obra

O escritor jaguarense, Aldyr Garcia Schlee, realizou lançamento de mais um livro. O evento ocorreu na Livraria Palavraria, em Porto Alegre, no dia 7 de agosto, com a presença de inúmeros leitores entre os quais o cronista Luís Fernando Veríssimo e o escritor Luiz Antônio de Assis Brasil, Secretário da Cultura do Estado. 

 A obra, editada pela Editora Ardotempo, intitulada "Memórias de o que já não será" constitui-se de 16 contos tratando, com a maestria peculiar do autor, da temática que poderia ser resumida como "cultura-uruguaio-brasileira-fronteiriça".

 Essa característica marcante de suas obras tem a poder de desenvolver uma atenção para as coisas que fazem a cultura de um grupo específico locado em uma determinada região. Neste caso, de forma especial os habitantes da fronteira Brasil/Uruguay (Jaguarão/Rio Branco), incluindo pessoas com seus relacionamentos político-sociológicos com os fronteiriços. As histórias ou não-histórias ao estilo realismo fantástico se desenrolam através de uma linguagem atrativa, às vezes jocosa, onde o autor tem oportunidade de desenvolver sua criatividade a todo vapor. Os diálogos são ricos na oralidade própria da fronteira, onde o leitor jaguarense consegue identificar-se a si próprio e seus afins, sejam os de hoje, sejam os do seu passado. Como os demais livros de Schlee, este, também, é para ser relido e, sobretudo, um ótimo tema para uma roda de jaguarenses "no exterior".

 O importante, também, do aparecimento dessas produções que o autor tem-nos brindado é a contribuição que ele vem dando para o desenvolvimento de um "ambiente de cultura" em nossa Jaguarão. Pelo que posso acompanhar um pouco à distância reconheço que esse trabalho vem sendo desenvolvido com sucesso por um grupo de jaguarenses, apoiados por uma Administração que tem voltado seu interesse para este setor, não muito bem tratado pelos Poderes Públicos de um modo geral. Não quero citar nomes, porque poderia cometer a indelicadeza de esquecer alguém, mas esse grupo é constituído por pessoas conhecidas da comunidade em que estão inseridas. Vários eventos que tem ocorrido demonstram a realidade do que estou a afirmar.

 Schlee é um intelectual de grande produção. Além de traduções - como "Facundo civilização e barbárie", do uruguaio Domingos Sarmiento - ele  possui mais de uma dezena de obras, algumas com mais de uma edição. Entre estes, certamente, os mais conhecidos são os que surgiram primeiro: "Uma Terra Só", "Contos de Verdade" e "Contos de Sempre". E, pelo que sei, em breve teremos mais um livro, quem sabe ainda neste ano.  

 Além do ato de lançamento, o encontro valeu para os jaguarenses presentes, também, para uma longa e boa sessão "te lembras?"entremeada de "causos" dos tempos idos (Nisso o autor é um "craque") que serviram para aquecer a alma pois que a noite era "fria barbaridade", mas não teve poder para afugentar os admiradores do Schlee.

Porto Alegre, agosto 2014
Wenceslau Gonçalves.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

AS CRIANÇAS DE GAZA

(Para todas as crianças que foram e são vítimas de uma dessas guerras estúpidas que alguns criam para aumentarem o saldo de suas contas bancárias)

As crianças de Gaza
não saberão usar armas de brinquedo.
Elas morreram antes de aprender.

As crianças de Gaza
não dão mais preocupação para suas mães.
Agora elas não correm risco.

As crianças de Gaza
já não vão mais chorar pelos pais
que perecerem na guerra.
Elas morreram antes deles.

As crianças de Gaza
não vão mais aprender
a ler e escrever;
não vão mais correr;
não vão mais jogar bola;
não vão mais cantar;
não vão mais sorrir;
não vão mais chorar.
Nós as expulsamos da vida
muito cedo.

Não mandem brinquedos
nem doces
para as crianças de Gaza.
Elas não precisam mais.

E, por favor,
não rezem por elas.
Pelo que fizemos
ou pelo que deixamos fazer,
Os nossos deuses
não vão acreditar em nós!

domingo, 3 de agosto de 2014

JAGUARÃO ONTEM...OU ANTEONTEM

Uma escola de antigamente

 Nem sei bem se o título antigamente cabe para essa Escola. Fico em dúvida porque não tenho bem claro se 56 anos já se pode dizer que é "antigamente". Talvez não. Levando-se em conta que, de lá para cá, nossa expectativa de vida aumentou alguns anos. Mas, vamos ao assunto. Quero falar de uma antiga Escola de Datilografia que existiu em Jaguarão. Era dirigida pela senhora Azélia Pereira, mais conhecida por "tia Lica" e formou muitos datilógrafos na cidade. O curso era uma primeira providência para os jovens que almejassem obter alguma ocupação remunerada na área burocrática. Leve-se em conta, também, que o mercado de trabalho na época era muito restrito. Para quem não quisesse ou não pudesse sair da cidade, restava a opção da carreira militar, bancária ou um emprego público, que eram muito disputados.

 Eu fui um dos que acreditei que o primeiro passo para conseguir um bom empregao, era conhecer os segredos da datilografia. O interessante é que aquele curso me deu uma base tão importante que, até hoje, sou um bom digitador em um moderno computador (Modéstia a parte, lógico). Quando saí de Jaguarão (1965) fui exercer a minha primeira atividade em Porto Alegre como datilógrafo em uma autarquia federal. Eu, então, era o único que utilizava os "dez dedos" para executar minhas tarefas, o que faço até hoje, graças ao curso que frequentei na Escola de Datilografia Brasil, da tia Lica. Como podem observar, abaixo, tive direito até a "carteira de datilógrafo", comprovando que fui o segundo colocado no exame.

 A fotografia que ilustra este comentário foi tirada no dia 16 de dezembro de 1958, por ocasião da "formatura" da minha turma. Pelo que me lembro, de pé, da esquerda para a direita, estão os formandos Darci Canibal; Wenceslau; Enilda (?); Lena Fontoura e mais dois colegas que, lamentavelmente, não lembro o nome. Sentadas, estão as professoras  Leda Pereira; Azélia Pereira e Darcina Canibal.