terça-feira, 17 de setembro de 2013

DA GAVETA

Quando voltares

Aqui no Portinho, o verão está chegando.
O sol invadiu nosso quarto,
trocando o calor dos lençóis.
Corri
para apresentá-lo às tuas flores.

Na praça, perto de nós,
os jacarandás
já estão vestindo lilás.
E o jasmim do túnel
também mostrou suas cores.

As madames estão na rua mais cedo
para passear seus cachorrinhos.
Na Alfândega,
os velhinhos, junto com os pardais,
fazem a festa do sol.

As meninas, na Rua da Praia,
já voltaram a mostrar as pernas
e os camelôs
estão mais animados.

Enquanto isso,
vou preparar nosso canto
com mate, livros e discos.
E o Aznavour
vai cantar nossas preferidas.

Lá embaixo,
a cidade vai estar como sempre.
E tu vais ser
o que completa a minha estação.
Quando voltares!

(Wenceslau Gonçalves/2012)

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

QUAL ONZE DE SETEMBRO?


 O "11 de setembro" virou uma data emblemática. O "onze" dos estadunidenses certamente foi lembrado, hoje, pelo mundo globalizado, por milhares de pessoas e especialmente no país em que o fato ocorreu. Lá, os que sucumbiram a bombas suicidas foram homenageados, com justa razão, pelos seus parentes e amigos,  com um minuto de silêncio, como vem acontecendo há mais de dez anos. Todos sabem o número de vítimas que lá sucumbiram. Seus nomes estão gravados no granito para toda a eternidade...ou até que o planeta também sucumba.

  O "onze" latino-americano, ocorreu há exatos quarenta anos, no Chile. Se formos comparar em termos numéricos, este tem muito mais motivo para ser lamentado. Até hoje não se sabe quantos pereceram sob as garras da mais sangrenta ditadura vivida pelo nosso continente. Pinochet conseguiu alinhar-se com os mais conhecidos tiranos da história pela brutalidade com que exerceu o mando em seu país. Seus liderados instalaram um regime de terror que resultou em um número desconhecido até hoje de exilados, torturados, mortos e desaparecidos. O nome de Salvador Allende representa todos aqueles que deram sua vida pelo direito de escolherem a forma sob a qual queriam ser regidos. Não sei se seu nome está eternizado, também, em algum monumento, mas, por certo estará na memória de todos aqueles que cultuam a liberdade como única forma digna de convivência.

  Após terminar este texto, sem querer ser pretensioso, vou fazer um minuto solitário de silêncio em homenagem a todas as vítimas anônimas da repressão chilena.