domingo, 25 de novembro de 2012

O     M U S E U     D O     P A M P A


 Estivemos em Jaguarão, no início deste mês, e, entre outras constatações, pudemos observar que as obras do Museu de Interpretação do Pampa junto às ruinas da Enfermaria, no Cerro da Pólvora, estão em pleno andamento. Nesse ritmo, talvez no prazo de pouco mais de um ano, haverá de concretizar-se o sonho de termos um local que servirá como referência de nossa cidade, na área da cultura.

 O Museu, quando estiver implantado, será administrado pela Universidade do Pampa e tem o objetivo de manter um estudo permanente sobre a cultura pampeana, abrangendo todo o Estado. O complexo que está sendo edificado, conterá salões para exposições permanentes e esporádicas, salas de aula, auditório, anfiteatro, além de acomodações para as equipes administrativas.

 Concomitantemente com a transformação que está sofrendo toda a área do entorno, ocorrerão, também, melhorias urbanísticas naquele bairro, trazendo benefícios diretos para todos os moradores do Cerro. A Administração Municipal certamente merece cumprimentos por ter obtido esse empreendimento que trará benefícios a todos os jaguarenses. Deve ter nosso apoio independentemente de nossas convicções políticas.

 Para que os leitores tenham uma idéia melhor do que está sendo feito, trazemos alguns flagrantes colhidos por ocasião de nossa visita ao local.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

CEM ANOS DE CÍRCULO OPERÁRIO

 O Círculo Operário de Jaguarão, tradicional entidade jaguarense, foi fundada em primeiro de janeiro de 1912 com o nome de Sociedade Operária Jaguarense.  A troca de nome se deu quando de sua adesão ao movimento circulista de âmbito nacional. Ao filiar-se à Federação do Círculos Operários do Rio Grande do Sul, com sede em Porto Alegre, passou a fazer parte, também, da Confederação, sediada, então, no Rio de Janeiro. Em que data não recordo. Quando comecei a fazer parte do Círculo Operário - nos anos sessenta -  ele já fazia parte daquele movimento.

 O Círculo Operário foi, reconhecidamente, uma entidade que prestou (e imagino que ainda presta) relevantes serviços à cidade. Durante algum tempo lá funcionaram cursos geralmente dirigidos a familiares de trabalhadores, como Corte-e-Costura e Datilografia. Iniciei minha participação na Diretoria "lá por 1960" ("La pucha que o tempo passou depressa"...), indicado pelo padre Armindo Luiz Capponi, que era o Assistente Eclesiástico. Meu primeiro cargo foi de Secretário-Adjunto, quando a presidência era ocupada por Cantílio Ocacia. Daquela época, guardo boas recordações das  pessoas que militavam ali, como o prof. Cléo Severino, o Augusto dos Santos, o Gregório (O sobrenome me escapa...). Homenageio, em especial, um grande amigo que sempre me acompanhava e que a morte nos privou de sua grata companhia ainda muito cedo: Sílvio Baptista. Os que o onheceram, entendem bem o que estou dizendo. Prestei minha colaboração com a entidade até minha vinda para Porto Alegre, em 1965.

 Entre algumas das realizações das quais participei naquele local, lembro da Cooperativa de Consumo dos Trabalhadores Circulistas, criada em 1962, que funcionou durante algum tempo, e das Semanas de Estudos Sociais Populares, que proporcionaram excelentes debates sobre os mais diversos temas e que tiveram participação de um público considerado extraordinário para Jaguarão. Redescobri há pouco "em uma gaveta" minha primeira manifestação pública escrita: um discurso em uma comemoração de primeiro de maio, realizada no auditório do Círculo.

Ao final, neste "rememorar do passado", não posso deixar de mencionar o nosso Grupo de Teatro, dirigido pelo Prof. Cléo, que me fez subir várias vezes no palco do Círculo, vencendo minha timidez natural. Dele faziam parte Marta Reys, Magda Bayer, Bertila, Maria Tereza Ferreira, Genecy Nobre e Sílvio Baptista. Dessa época, guardo parte das melhores recordações que embalaram meus sonhos de jovem.

  Em homenagem aos que hoje dirigem a entidade, relembro a primeira Diretoria, eleita e empossada quando da criação do Círculo, no longínquo ano de 1912:

  Presidente de honra: Cônego Godofredo Evers; Presidente: Alvino Bertran; Vice-Presidente: Joaquim Francisco Martins; Primeiro Secretário: José Maria Rodrigues; Segundo Secretário: Carlos Danigno; Tesoureiro: Ramão Affonso. Diretores: João M. Botto Júnior, Elisiário Gonçalves, Bernardo Gastelacoto, João Pereira, Augusto Alves Xavier e Plácido Machado Lages. Suplentes: Polybio Affonso Porto, Victor Carlos de Moraes e Agenor Gomes Franco.

  Longa e profícua vida ao nosso Círculo Operário de Jaguarão!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

JAGUARÃO: RESULTADO GERAL DAS ELEIÇÕES

Eleitores               22.826
Votantes               18.186
Abstenção              4.640 (20,33%)

Prefeito
José Cláudio Ferreira Martins - PT                             9.343 (51,37%)
Paulo Renato Jaguarão Silva da Rosa - PSDB          6.097 (33,53%)
Fred Luís Tavares Nunes - PSB                                 1.603 (8,81)             
Brancos                                                                          589 (3,24%)
Nulos                                                                              554 (3,05%)

Composição da Câmara Municipal
Renato Luíz Baucke - PP                                                809
Fávio Marcel Teles Gonzales - PMDB                           689
Roseli Calvetti Souza - PT                                              667
Oberte da Silva Paiva - PT                                              612
Antônio Carlos Rodrigues Marques - PP                        594
Miriam Coelho Martinez - PT                                         464
Arion Moreno de Moreno - PT                                        461
Rogério Medeiros de Ávila - PSB                                   365
José Orlando Coelho - PSDB                                           264
                               
ARAMBARÉ ELEGE JOSELENA

Resultado final da eleição em Arambaré:

Eleitores          3.623    
Votantes          3.142    
Abstenção           481 (13,28%)

Prefeito
Joselena Maria Becker Scherer - PDT     1.320 (42,01%)
Diego Chamorro dos Santos - PMDB      1.029 (32,75%)
Elton Sebastião Rospide da Silva - PTB     400 (12,73%)
Jardel Magalhães Cardoso - PSB                 325 (10,35%)
Brancos                                                           36 (1,11%)

Composição da Câmara Municipal
Gledson Nunes Silveira - PDT                     254
Rui Carlos Pires Pereira - PDT                     234
Márcia Rosela Bischoff da Silva - PMDB    208
Gerson Luís Pastoriza Ribeiro - PMDB        180
Alcioni da Rosa Lopes - PMDB                    115   
Joel Pereira Gonçalves - PDT                        109
Sandro da Silva Stropp - PMDB                    102
Leandro Hugo Schegel - PT                             91
Marizeti Medeiros Dias - PSDB                       90


domingo, 7 de outubro de 2012

JAGUARÃO: CLÁUDIO MARTINS REELEITO

Na eleição ocorrida hoje,  Cláudio Martins foi reeleito Prefeito de Jaguarão para a Legislatura 2013-2016. O resultado da votação  (extraoficiail) foi o seguinte:

                        Cláudio Martins       9.343
                        Renato Jaguarão      6.097
                        Fred Nunes              1.603

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

OS JAGUARENSES E A POESIA - 6

 Tenho comigo alguns boletins, documentos e anotações, resquícios dos tempos em que participamos do movimento que resultou na recriação do Centro Jaguarense, em Porto Alegre, que objetivava substituir o antigo Centro de Confraternização Jaguarense, criado na década de 50 e ativo por muitos anos. Há alguns dias, deparei-me com uma poesia que sabia que havia sido criada em uma das tantas confraternizações que realizamos por volta dos anos 70. O trabalho tem um tanto de alma jaguarense, mas,infelizmente, não consegui identificar o autor. Nesta semana, recebi a visita do meu amigo José Alberto de Souza (enciclopédia viva sobre Jaguarão) e ele, então, identificou-me a poesia como sendo de Sheldon Neves - já falecido - do qual não tenho outros dados, e que participou, inclusive, do Conselho Deliberativo do novo Centro, criado naquela época.

Você sabe de onde eu venho?
Sheldon Neves

Venho da zona da sanga,
da sanga e dos taquarais.
Dos bueiros para a água
Que hoje não existem mais.

Das ruínas de um sobrado
Demolido pedra a pedra
Que mesmo mal assombrado
Em meu pensamento medra.

Das peladas lá na praia
que terminavam por brigas,
antes do nado e o mergulho
com turmas todas amigas.

Da esquina dos Nogueiras,
da cancha do Botafogo,
ainda que alvissareiras
memórias de um desafogo.

Isto foi em minha terra,
no tempo da minha infância
que ainda encontro tão perto
mesmo olhada à distância.

Não permitam, conterrâneos,
esquecer nossa missão,
qual seja alto elevarmos
nossa querida Jaguarão!

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

ALAMIR RAMOS NOS DEIXA (1926-2012)

  Tenho alguma dificuldade para iniciar esta nota, porque este é um dever que não gostaria tê-lo que cumprir. Ao menos não tão cedo! Alamir Ramos, o jaguarense que deixou este mundo no dia 13 último, foi uma das mais estimadas lideranças da nossa colônia aqui em Porto Alegre. Juntamente com outros conterrâneos - alguns dos quais também já não estão entre nós - era um dos mais ativos na tarefa que empreendemos para constituir nossa entidade (Centro Jaguarense) lá no longínquo ano de 1978. Sempre participou com muito entusiasmo de todas suas promoções, como a do primeiro Dia do Retorno, realizado em 1979, ainda bem presente em nossa memória. Mesmo depois, quando passamos a nos reunir, esporadicamente, como Colônia Jaguarense, ele continuou sendo um dos que mais conseguia incluir pessoas nesses nossos congraçamentos. Vencendo dificuldades impostas pela doença que já o havia acometido, ainda esteve presente em almoços realizados no ano passado, levado por suas filhas em cadeira de rodas. Quando era homenageado pelos presentes, como não podia mais falar, agradecia com o sorriso que sempre lhe foi peculiar.

  Na verdade, vim "reconhecer" o Alamir aqui em Porto Alegre por intermédio do Ruy Jáder de Carvalho - de saudosa memória - quando fazíamos parte do grupo que arquitetava a reconstituição do antigo Centro de Confraternização Jaguarense ou a criação de nova entidade. Digo "reconhecer" porque, embora eu não me lembrasse, ele já me conhecia quando fora aluno de meu pai (lá por volta dos anos 50) que preparava alguns jovens para concursos como o da Escola de Sargentos na qual ele acabou ingressando, seguindo a carreira militar. Muitas vezes conversávamos sobre aquele tempo, quando eu tive oportunidade de tomar conhecimento de algumas práticas desenvolvidas pelo "Professor Brasil". Nossas conversas  tinham o mesmo "gosto de saudade" para nós que retrocedíamos no tempo, vivendo, novamente, através da memória, bons momentos: ele, os da juventude; eu, os da infância.    

  Das pessoas com quem tenho privado neste meu "exílio voluntário", Alamir Ramos foi, certamente, um dos jaguarenses que mais expressava seu amor pela terra natal. Jaguarão viveu sempre em seu coração e ele manifestava isso sempre que surgia oportunidade. Esteja onde estiver, deve ter levado consigo esse sentimento que fazia parte sua natureza.

 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

UMA JAGUARENSE NA EXPOINTER

 Certamente muitos ainda trazem na memória o tempo em que alguns "campeões jaguarenses" brilhavam nas passarelas da nossa Expointer. A pecuária em nosso município destacou-se, em vários eventos, através de  animais premiados de distintos tipos e raças que representavam a força local do agronegócio.














 Hoje, durante a recente Exposição, nosso município foi representado pelo artesanato em lã crua, desenvolvido pela artesã jaguarense ZIZA BARCELOS, conhecida pela alta qualidade de sua técnica até no Exterior, e que produz somente trabalhos personalizados.

 Os flagrantes que acompanham esta matéria foram obtidos no dia 29 de agosto último quando do desfile de de moda de peças produzidas com lã da raça Ideal, como vem sendo realizado anualmente.

sábado, 18 de agosto de 2012

CONCURSO DE MICROCONTOS

  Em julho, durante o 39. Salão Internacional de Humor, que ocorre, anualmente, em Piracicaba/SP, foi realizado o 2. Concurso Literário de Microcontos de Humor. Além do tema obrigatório, os trabalhos não poderiam conter mais do que 140 caracteres.
 
   Participaram do evento 240 concorrentes provenientes de 15 unidades da Federação: Santa Catarina, Distrito Federal, Paraná, Minas Gerais, Espírito Santo, Ceará, Baía, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Rondônia, Sergipe, Alagoas, Amapá e Pará. Havia, também, três participantes de Portugal.

   Foram premiados os três primeiros colocados e escolhidos cem contos para participarem de uma antologia, que será publicada sob os auspícios da Prefeitura Municipal de Piracicaba, que é uma das patrocinadoras do Salão.

   Alertado e assessorado na inscrição pelo meu "guru" José Alberto Souza, participei com o trabalho que estou publicando. Não foi desta vez que figuramos entre os selecionados.

   Vejam, também, os três primeiros colocados.
  
   Primeiro Lugar: Clarice Sampaio Villac - Campinas/SP
   "Off-line
   Vaidoso, vivia nas redes sociais. Um dia, ao buscar no Google teve uma crise de identidade. Sem buckups, acabou se deletando."

   Segundo Lugar: Rita de Cássia Rocha Teixeira - Rio de Janeiro/RJ
   "Fome
   Chegou cansado e faminto. Tinha olhos apenas para a geladeira, que reservava idolatrada torta. Surpresa!, gritaram farelos debochados."

   Terceiro Lugar: Rui Trancoso de Abreu - Limeira/SP
   "Máquina do tempo
   Queria voltar ao passado. Construiu a máquina, ligou e vapt. Viu-se no escuro espegajoso. Ouviu bem próximo. Cesariana?"

   O microconto com o qual participei, é o seguinte:
   "Um retorno não-esperado
   Não havia roupeiro. Ele teve que pular a janela. A Polícia prendeu mais um exibicionista nu naquele bairro."

terça-feira, 7 de agosto de 2012

OS JAGUARENSES E A POESIA - 5

Deste poeta não temos nenhuma nota biográfica, a não ser que está bem vivo, com bastante energia e é um ativista cultural em nossa cidade. É o responsável por um dos mais criativos blogs em atividade - Confraria dos Poetas de Jaguarão, que já publicou o trabalho em setembro passado. A primeira vez que escutei esta poesia foi por ocasião da Feira do Livro de 2010. Obtive autorização para publicá-la aqui, porque a considero como uma obra-prima do gênero e tive vontade de compartilhar minha descoberta com outras pessoas. A transcrição está autorizada pelo autor. Vejam se não concordam comigo!

                                                L  I  X  à O (Jorge Passos)

Como me havias pedido
Amassei todos os nossos poemas, canções, hai-kais,
Que falavam de amores secretos
E joguei no lixo.
Junto com os dejetos da cidade
Embarcaram e foram triturados.
Mesclaram-se, esperam a decomposição.

Mas, antes desta fatalidade,
A força da palavra parece revolucionar a fedentina.
Uma azeda caixa de leite Danby
Se enruga toda ao ouvir de um
Desbotado tubo de Avanço:
"- eu tremia - e amava -
As estrelas me miravam
A noite dormia
E eu pensava em ti".

Entre o monturo,
Ressoa o eco das garrafas de plástico
Recitando para um bando de vasilhames de cartão:
"Vem e sente meu cheiro de mulher, tua, nua,
Esperando você no alvorecer a revelar-te em mim".

Um sapato velho, como não poderia deixar de ser,
Cantava a uma meia rota:
"Se não eu quem vai fazer você feliz".

O que restou de um pernil de carneiro
Já em putrefação
Sussurava a uma coxa de galinha estragada:
"De que me servem minhas pernas,
Se não me conduzem no caminho dos teus passos
Nem enlaçam em abraço tuas coxas sensuais"?

De longe, um escovão de aço já careca
Gritava angustiado
A uma tampa de panela enferrujada:
"Que força cósmica nos colocou nesta distância"?

E todos...todos - desde o mais reles saquinho de nylon
Até a mais cobiçada lata de cerveja reciclável -
Todos liam e repassavam
Nossos fragmentos de paixão despedaçados.

E assim, daquela matéria em processo de corrosão
Elevou-se um murmúrio, quase uma sinfonia
Impregnando de vida o aterro sanitário.

Nesse dia
Quem vive (se alimenta)
Da coleta e separação destes resísuos
Em solene atitude de respeito
Não trabalhou.




sexta-feira, 3 de agosto de 2012

JAGUARÃO: UMA BOA NOTÍCIA

  Segundo consta em um jornal da Capital, publicado nesta data, o Projeto de lei 11/2012, de autoria do Dep. Marco Maia (PT/RS) deverá ter parecer votado no próximo dia 7, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. A relatora naquela Comissão é a Senadora Ana Amélia (PP/RS) que, anteriormente, já declinou sua intenção de posicionar-se favorável àquela proposta.

  O Projeto permite a implantação de zona franca nas cidades de fronteira consideradas "gêmeas", isto é, aquelas vizinhas às que possuem os chamados "free shops" no outro lado da fronteira. No Rio Grande do Sul, Jaguarão, entre outras, está enquadrado nesses critérios.

  O Projeto já foi aprovado na Comissão de Relações Exteriores do Senado, restando, portanto, apenas ser aprovado na Comissão mencionada acima e, no caso de não sofrer emendas, será encaminhado diretamente para a sanção presidencial, sendo regimentalmente dispensado de uma decisão de plenário.

  Tenho acompanhado a tramitação do Projeto de grande importância para o incremento da economia jaguarense graças às informações que venho recebendo, há tempos, da Presidente da CDL de Jaguarão - Sra. Maria Emma Lippollis -, que já vem lutando, há muitos anos, pela concretização da ideia que está prestes a tornar-se realidade. Aguardemos mais um pouco!

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

ENCONTRO DA COLÔNIA JAGUARENSE










 Conforme estava previsto, a Colônia Jaguarense esteve reunida no fim de semana anterior (29/07), pela primeira vez em 2012. O evento ocorreu durante um almoço realizado na Churrascaria Garcias. Embora o comparecimento tenha sido aquém do esperado, a cordialidade e o "clima jaguarense" foi a tônica das conversas entabuladas entre os conterrâneos, aliás, como é de praxe em nossos encontros.











  Na oportunidade, o conterrâneo José Alberto de Souza autografou vários exemplares de seu livro, intitulado "Minha Fachada Predileta", que já havia sido lançado em Porto Alegre e Jaguarão, no mês passado.











  Para os que não estiveram presentes, anexamos alguns "retratos", "tirados" durante o almoço pela nossa "retratista", Ana Maria Silva, que também faz parte do grupo que tem organizado os encontros, composto por mim, pelo Geraldo Freitas e o José Alberto.












  Há probabilidade de que, no mês de setembro, ocorra nova reunião.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

"AVE, MADIBA!"

  Quem quer que fale ou lute por liberdade, não pode deixar de lembrar de Nélson Mandela.
As comemorações de seus 94 anos de vida, que hoje ocorrem, me fazem anotar o evento neste pequeno e inexpressivo espaço como forma de associar-me a todos aqueles que o reconhecem como o grande líder negro sul-africano que deu sua vida à causa da liberdade do seu povo.

  Em 5 de agosto de 1962, Mandela é condenado, por um tribunal branco, a prisão perpétua por "subversão e luta armada contra o apartheid". O prisioneiro 46664, esteve encarcerado mais de 27 anos (com cinco anos de trabalhos forçados) sem que seus algozes conseguissem fazer fraquejar seu ânimo na luta contra a segregação racial e a opressão praticadas contra negros em um país em pleno coração da África. Graças a uma intensa pressão internacional, ele acabou sendo libertado em fevereiro de 1990 e continou o trabalho que havia iniciado na década de 40, quando ainda jovem.

  Mandela é, hoje, o símbolo vivo do anseio libertário de todos os povos ainda oprimidos. Sua luta sempre foi reconhecida por muitos países, que lhe prestaram os mais diversos tipos de homenagem, culminando com o recebimento do Prêmio Nobel da Paz, em 1994. Ele esteve no Brasil em agosto de 1991, buscando apoio a sua base de sustentação, que acabaram em sua eleição como Presidente da África do Sul.

  O sonho acalentado por Mandela, que lhe custou o sacrifício mais importante para um humano - a liberdade - tornou-se realidade apenas no dia em que foram abolidos todos os atos "legais" que tornavam os negros cidadãos inferiores. Enfim, nascia a igualdade tão desejada pelo povo sul-africano e que havia custado tantas vidas.

  "A liberdade de vocês é a minha e não podem ser separadas" (Nélson Mandela)

  Salve, Mandiba! Vida longa e ainda muitas alegrias pela liberdade pela qual lutaste!

domingo, 15 de julho de 2012

"Da gaveta"
  O inverno acaba dando-me a oportunidade de vasculhar gavetas e arquivos porque é uma atividade que me ajuda a esquecer o frio que campeia solto na rua "lá embaixo" (Moro no décimo) , com o vento quebrando esquinas e invadindo ponchos, fazendo as pessoas correrem para chegar depressa mesmo que a lugar nenhum. Nesta tarde me reencontrei com algumas lembranças dos primeiros "Retornos". Entre elas uma manifestação de minha sensibilidade daquele tempo. Vejo, também, "la pucha que o tempo passou depressa". Confira comigo a data, e veja se não tenho razão: Porto Alegre, novembro de 1981.

VOU VOLTAR PRA JAGUARÃO

Vou voltar pra Jaguarão!
Lá o pessoal abana a gente,
Dá "bom dia",
Diz "saúde".
Pergunta pelos parentes,
Convida pra "aparecer",
Relembra o tempo passado.

   Caminho co`a gurizada -
   A mulher ao lado, também.
   Nem preciso usar calçada.            

Vou passear na 27,
Atravessar o "campo do IPA",
Comer "bomba" no seu Jorge
E dar uma olhada no rio.
Esqueço o resto do mundo.

   Assobio pra Tereza,
   E escuto o Mário gritar.
   A missa das 10 também vou
   (Vou precisar roupa nova).
   Depois, na esquina da "Gruta",
   Junto com a turma de sempre,
   Assisto o "corso" passar.

Na segunda, ou na terça,
Atravesso a Ponte Mauá,
Visito o lado de "allá".
Revejo o Cerro da Pólvora
(Da enfermaria em ruínas)
Que tem meu gosto de infância.
Volto pra casa cansado,
Mas feliz por viver lá...

   Vou voltar pra Jaguarão...
   É lá que eu tenho raízes.
   Aqui sou apenas navio
   Num porto que não é meu:
   Ancorado e de saída.

Vou voltar pra Jaguarão...
Lá não tem poluição!

(Wenceslau Gonçalves/Porto Alegre, novembro de 1981).

domingo, 1 de julho de 2012

OS JAGUARENSES E A POESIA (4)

                                              N A     A L C O V A
                                            
                                                                                             Wenceslau Garcia

Quando ela está a sorrir, quente, amorosa e nua
Sob um leito de neve em plumagem macia,
E acerca-se dela, e apalpa-a e freme e estua,
Numa febre de amor que ora freme e angustia.

Beija-lhe a rósea boca, em gozo se extasia!
Depois o lábio morno, sente que ela é sua;
Preme-lhe os alvos seios, afaga e acaricia
O corpo que estreme em volúpia e flutua.

Ainda assim um desejo incontido e fremente,
Por toda ela, a gozar, da cabeça aos artelhos,
Até, que sobre o dorso alvo, morno e eloqüente,

Pára e sentindo-se a arder numa chama incontida,
Ela passa febril, nos seus beijos vermelhos,
Que lhe deram o gozo, a delícia da vida...

                                                                         Dispersos

(Mantida a grafia original)

Wenceslau Garcia - 1899-?
In Sonetos Gaúchos (Sonetária)  
ENCONTRO DA COLÔNIA JAGUARENSE

 Esteve reunido, na semana passada, o grupo que tem organizado os encontros da Colônia Jaguarense em Porto Alegre. Na oportunidade, ficou definido que o primeiro encontro deste ano será realizado no último domingo de julho.

 O almoço ocorrerá na Churrascaria Garcias (Av. Praia de Belas, 618), no dia 29 de julho (domingo) a partir das 11h30min. Para os jaguarenses o valor do bufete será de R$15,90 (sem bebida).

 Para que todos possam ser melhor atendidos é necessário que as confirmações sejam feitas, de preferência até dia 25/7, para um dos seguintes telefones: 9683.8018 (Ana Maria);  9968.7852 (Geraldo Freitas); 3233.4799 (José Alberto) e 9984.7379 (Wenceslau).

 Contamos com a colaboração dos conterrâneos no sentido de divulgarem o evento entre seus amigos e familiares para que possamos repetir o sucesso da reunião anterior. Até lá!

quinta-feira, 28 de junho de 2012





 "MEU SAUDOSISTA PREDILETO"
 
  No dia 19 de junho último, José Alberto de Souza nos apresentou mais algumas produções de sua privilegiada massa encefálica. O encontro se deu no Sindicato dos Bancários, em Porto Alegre, com a presença de familiares, jaguarenses e ex-colegas de trabalho que lá estiveram confraternizando, amainando um pouco a baixa temperatura daquela noite com o calor humano advindo da camaradagem que se instala em grupos dessa natureza.

  Desta vez, para deleite de seus inúmeros leitores, surgiu uma coleção de crônicas, publicadas em um período de cinco anos (2007-2011). Algumas delas postadas em seu conhecido blogue que leva o nome de Poeta das Águas Doces. Aliás "doces" são alguns de seus trabalhos, quando rememoram fatos da vida em sua (nossa) terra natal. Em quase tudo o que escreve sempre há um resquício de suas melhores lembranças da terrinha. Embora esteja há muito tempo fora de lá, ele as carrega consigo e compartilha-as com seus conterrâneos sempre que pode.

 O livro que reúne um mosaico de temas interessantes, tem o nome de "Minha Fachada Predileta" que faz menção a uma das crônicas na qual disserta sobre uma das mais belas fachadas de Jaguarão - a do antigo Clube Instrução e Recreio, hoje restaurada graças ao empenho de algumas pessoas preocupadas com o patrimônio histórico da Cidade. Pelo que estava programado, ontem (27-06), a obra deve também ter sido lançada em Jaguarão, precisamente no prédio a que se refere o livro. Gostaria de ter estado lá para renovar meu abraço a este amigo de tantas lides próprias de jaguarenses "fora do ninho".

  Como privo dessa amizade, que muito me orgulha, posso cometer uma inconfidência: ainda há muita coisa boa para vir a público da lavra do Souza que pode enriquecer ainda mais a literatura jaguarense. Espero ainda poder comentar aqui neste espaço outros lançamentos com a mesma qualidade deste que ora o "tio Zezinho" (para os familiares) nos oferece.

 Cumprimentos por mais este livro, Souza. Que tenha uma trajetória de sucesso!

sexta-feira, 25 de maio de 2012

"Da gaveta"

                                               O MESTRE-SALA CHOROU (continuação)


  Quando passam defronte ao mercado, asa figueiras iluminadas para a festa de momo parecem animar os foliões. Ali a 27 já estava entupida de gente. A avenida iluminada parecia também acompanhar o entusiasmo dos que acreditavam na vitória. A força dos braços agora é aplicada mais intensamente.

  Ao chegar na esquina do Largo da Bandeira, a Escola toda renova suas energias. A poucos metros do palanque oficial, onde as autoridades e a elite está a postos para  ver se a expectativa  confirma o que se ouvia nos lugares mais frequentados, como no Café do Comércio. Na cidade, se diz a boca cheia que desta vez a Escola por fim se reencontraria com seu título de campeã, superando sua tradicional adversária. Para o mais importante momento da avaliação dois mil olhos da Comissão Julgadora, a Escola reúne todos seus esforços. A bateria é um único braço na malhação dos tambores. O puxador retoma sua cantoria e repete, a plenos pulmões, o estribilho que poderia ser um hino daquele grupo.

                                                    "Nós somos os filhos da terra,
                                                      herdeiros desta nação..."

  Agora a Escola se encontra em frente ao palanque oficial. Ali estão o Prefeito, o juiz, o delegado, o comandante do Regimento e o Presidente da Câmara, além de outras tantas autoridades e convidados especiais. As pessoas estão em suas roupas leves, algumas coloridas como convém nos dias de carnaval. Os membros da Comissão Julgadora também se encontram lá e, por certo, cuidam de cada detalhe para poderem melhor defenderem a nota que vão atribuir às concorrentes. O locutor da Rádio anuncia com voz empostada e clara: "Agora pedimos aplausos para a Escola de Samba Herdeiros da Tradição, uma das mais premiadas da nossa cidade que, neste ano, se apresenta com o tema-enredo Filhos da Terra e disputa o primeiro lugar com sua rival 24 de Agosto, que já vem se sagrando campeã nos últimos dez anos." Gritos de entusiasmo percorrem a multidão e rompe em aplausos. A bateria aumenta a intensidade e a cozinha capricha mais no ritmo. Entre os componentes há um clima de alegria reprimida pela gravidade do momento, mas explicável pela certeza da vitória.

  O mestre-sala se excede em seu esforço e supera suas próprias qualidades já demonstrada em outros carnavais. Naquele momento quer mostrar muito mais do que seu preparo para aquela tarefa tão importante. Quer ser a estrela da festa. Não se importa que seus companheiros também estejam competindo. Só ele está no palco da rua. A porta-estandarte é somente um ponto de referência. Suas cores apenas estão servindo como lâmpada para que a mariposa possa demonstrar seu destino de dona da noite. No minúsculo intervalo para troca de ritmo, a porta-estandarte continua a fazer os gestos mudos que deveriam acompanhar o som que vem da bateria. No breve silêncio, ele gesticula em torno da companheira que hesita por segundos entre acompanhar o ritmo do porta-estandarte ou quedar-se na quietude passageira, apenas mexendo os quadris ao embalo do rufar dos repiniques que agora retornam com toda pureza, marcando o compasso do samba-enredo. Ao mestre-sala parece que a vitória depende apenas de seu empenho. Se ele falhar, toda a Escola perderá a chance de vencer.

  O mestre-sala não distingue nada a sua frente. Vê, apenas, as cores rodando e ouve o ritmo cadenciado do samba que ensaiou inúmeras vezes. A porta-estandarte agora é apenas uma imagem que baila e rodopia e, às vezes, flutua como uma nuvem azul em tarde de abril. Naquele momento, no mundo inteiro existe apenas a avenida com sua vida efêmera e fantasiosa. Para ele não há nenhuma vida além de seu compromisso. Nem a sua própria que, agora, pertence à música que inebria seu sangue e o faz mover-se com graça e força. Tem tanta certeza da vitória que já se sente beijando a taça molhada em lágrimas.

  Agora que nada mais pode ser feito, o mestre-sala segue seu instinto mais forte. Sai apressado do quarto sem apagar a luz. Tropeça numa cadeira quando vai pegar a cartola na sala. Sai para a rua e fecha a porta com cuidado, como se temesse despertar alguém, e mergulha na noite.

  E, conforme ele havia previsto, toda a Escola, ao receber o resultado, chora de alegria. O mestre-sala também. Misturando lágrimas de tristeza e alegria.

                                                                         (Wenceslau Gonçalves/Laguna dos Patos, 2006)
OS JAGUARENSES E A POESIA - 3

                                           E N V E L H E C E R

                                                                                    Heitor Moraes

A mocidade se nos vai fugindo,
E o bailado de cans vai começando,
Cada esperança que nos vai surgindo,
É um desengano que nos vai chegando.

Quando ele partir pelo céu infindo,
E os nossos sonhos todos vai levando,
Tudo que é nosso vai se consumindo
À proporção que os anos vão passando.

E assim ficamos nós envelhecidos,
Vendo os nossos prazeres resumidos
Numas poucas e banais recordações.

E da carcaça fatigada e triste,
É que a nossa alma então assiste,
O funeral das nossas ilusões.
                                                                    Dispersos.

Heitor Moraes (Pseudônimo: Helius Marcus)
1878-1959
Bibl: Violetas, 1925 - Ao Luar da Música, 1928
In Sonetos Gaúchos (Sonetária), pág. 63

domingo, 20 de maio de 2012

"Da gaveta"

                                                           O  MESTRE-SALA  CHOROU (I)

 Primeiro o repinique marcando o samba-enredo soberano no comando da Escola; depois o surdo e os taróis reforçando o ritmo. Seguiram a caixa e o tamborim. Por fim o reco-reco e a cuica assumem seu papel para completarem a melodia que arrebenta qualquer coração. O som encorpado da bateria agita a assistência que acompanha os sambistas, batendo com os pés na calçada. A avenida iluminada, agora pintada também pelas mil cores de todas as tonalidades das fantasias parecem cair em cascata, inundando o calçamento. A multidão vibra e não economiza aplausos. O mestre-sala sarandeia na pista companhando, com rara maestria, todos os movimentos da porta-estandarte. Ela, na sua majestade, é a mais linda de todas as cabrochas da Escola. Com um sorriso nos lábios e a pele brilhando de suor e lamê, encanta quem vê seu requebro e a agilidade de suas pernas esguias que acompanham a cadência do samba.

 O mestre-sala imerso em seu devaneio vibra com o sucesso da sua Escola. Mas é apenas um sonho. Por enquanto ele está na semiescuridão de um quarto pequeno e pobre com pouco mobiliário. Apenas uma velha cama de casal, um roupeiro já passado pelo tempo e uma mesa de luz onde há um pequeno abajur cuja luz mortiça apenas ajuda a tornar o ambiente ainda mais entristecido. Um compo com chá, ainda pela metade, revela uma vã tentativa de debelar uma doença. Na parede, um quadro de Coração de Jesus, tirado de uma folhinha e colado em um pedaço de papelão, mostra que as pessoas daquela casa acreditam no sobrenatural. Na cama, uma pessoa já muito velha agoniza. É pouco mais que um pequeno sinal debaixo dos lençois cobertos por uma colcha de retalhos multicores. Uma estante de madeira escura com a pintura já descascando cobre parte de uma parede lateral e abriga uma pequena capelinha onde uma vela acesa homenageia Nossa Senhora e pede que ela interceda pela dona da casa. Um penico branco, embaixo da cama, completa o ambiente. A janela que dá para a rua e se encontra fechada, está coberta por uma cortina de chitão encardida.

 O mestre-sala é pura incerteza. Há momentos em que encontra todos os motivos para abandonar seu posto porque considera seu compromisso acima de qualquer coisa. Seu amor à escola de seu coração, mais do que, eventualmente, dedica ao seu time azul-e-branco da cidade, justificaria qualquer atitude. Afinal, ele pensa, não será este ato que poderá mudar a situação aqui, mas sua ausência lá certamente vai comprometer todo o esforço dos seus companheiros.

 O mestre-sala lembra que é o momento esperando durante todo o ano. Tudo volta agora: os ensaios após o trabalho, varando a madrugada, o cansaço e a esperança que irão por águas abaixo se ele falhar. A sua tristeza será compensada pela alegria deles. A nossa vitória borrará todas as tristezas. Ele explodirão a frustração reprimida de dez anos perdendo. As cores da Escola vão brilhar na noite e haverá choro de alegria. Alguns compreenderão qualquer das suas decisões; outros não aceitarão nenhuma delas.

 Agora o mestre-sala chora em silêncio. As lágrimas molham a fantasia fezendo mais forte o vermelho da bata colorida. A cartola preta, trazida na noite anterior para casa, onde ainda repousa na sala contígua, em cima da mesa junto a um vaso com flores artificiais depois de ter sido lustrada com todo capricho por uma prima também da Escola.

 Em seu ritmo de cadência perfeita num crescendo, a Escola sai de sua sede, localizada na Av. 20 de Setembro, que margeia o rio, nas proximidades da velha caixa d`água em desuso há muitos anos. Vai em direção à praça 13 de Maio, onde está sendo realizado o desfile e sua rival ainda está terminando sua apresentação. O puxador de samba reforça sua cantoria do samba-enredo, na qual o refrão se destaca:
                                                           "Nós somos os filhos da terra
                                                             herdeiros desta nação..."

 A pisada firme dos pés revestidos de conga barata dos componentes da Escolas marca o compasso do samba-enredo e reflete a disposição do grupo em conquistar o título tão ambicionado que, desta vez, está presente no sonho de todos.
                                                                                                           (continua)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

500 ANOS: NÓS ACREDITAMOS NELES

 Nós acreditamos neles quando disseram que haviam chegado por acaso. Acreditamos neles quando invadiram este país e disseram que o haviam "descoberto". E quando afirmaram que só o Deus deles era verdadeiro e estava do lado deles. Acreditamos neles quando disseram que os negros e índios não tinham alma e eram raças inferiores e que deveriam ser seus escravos. Acreditamos neles quando nos trouxeram um rei que fora mandado pelo deus deles para nos governar e a ele deveríamos ser submissos. Acreditamos neles quando executaram muitos porque mentiam quando queriam "liberdade". Depois, acreditamos neles quando um outro rei nos "independizou" e fez-nos crer que, a partir de então, éramos um país livre. Acreditamos neles quando nos fizeram massacrar países vizinhos porque eram nossos inimigos. Depois, acreditamos neles quando nos disseram que mudaram o regime para república porque teríamos progresso e livre pensamento. Mais tarde, acreditamos neles quando fizeram revoluções em benefício do povo e censuraram, perseguiram, baniram, aprisionaram, torturaram e mataram e nos disseram que era para o nosso bem; era em defesa da nossa propriedade, da nossa família e das nossas tradições cristãs.

 Muitas vezes nos disseram que precisávamos elegê-los para os parlamentos a fim de que pudéssemos ter vida melhor e poder defenderem-nos da inflação e do desemprego - e nós acreditamos neles. Disseram, também, que precisávamos trabalhar e que havia miséria porque éramos acomodados e tínhamos muitos filhos; que o bolo precisaria crescer para depois reparti-lo entre todos. Nós acreditamos neles quando implantaram planos econômicos e criaram novas moedas, dizendo que eram fortes.

 E assim se passaram 500 anos e nós continuamos acreditando neles, que eram os mesmos que haviam chegado aqui por acaso e apenas foram se adaptando. Apenas transformaram caravelas em porta-aviões; reis em generais ou presidentes; conselheiros em ministros. Nossos inimigos também se modernizaram: em vez de dos hereges e libertários de então, foram os comunistas que comiam crianças e a inflação que destrói a economia. Eles também mudaram de roupa, de estilo e de linguagem, mas são os mesmos joãos, antônios e henriques que, ontem, como agora, querem que continuemos acreditando neles e em suas mentiras maravilhosas que nos contam como se fôssemos crianças que ouvem historinhas de fantasia. E ainda vamos continuar acreditando como se fosse a verdade que esperamos. Esta verdade que, um dia, ainda vamos encontrar quando os poucos que hoje não acreditam mais neles serão tantos que eles não terão mais a quem mentir.

(Wenceslau Gonçalves/20.04.00)

ESTAMOS EM ABRIL
 Abril faz parte da mais linda estação do ano. O outono resume todas as coisas boas no que se refere ao comportamento do clima, transferindo para o astral das pessoas as vibrações positivas que fazem melhorar os relacionamentos. A convivência entre os que assumem seus sonhos e suas falhas é mais proveitosa. Há os que gostam do verão; outros do inverno ou da primavera. O outono começa em março, mas se revela em abril. E sei que não estou sozinho nessa preferência. Vejam a beleza de poesia com que nos brinda Mario Quintana:

                                        Entre-sono
A manhã se debruça no peitoril,
Não sei porque está gritando: abril, abril, abril...
Há, por vezes manhãs que são sempre de abril...
A manhã, com todas as suas árvores ao vento,
Traz-me as primeiras notícias da frota do Descobrimento,
Sem reparar na presença dos arranha-céus.
Mas eu nem abro os olhos: vou dormir...
Creio que ainda chegarei a tempo
Para a Primeira Missa no Brasil.  

 Para nosso país abril também tem o significado especial de ter-nos trazido os primeiros "visitantes". As causas e consequências são conhecidas de todos e há muita polêmica sobre elas que não cabe agora trazer à discussão. Sobre isso, por ocasião dos 500 anos me manifestei através da crônica que foi publicada em 20.04.2000, na Gazeta Regional de Camaquã, que transcrevo a seguir.

quinta-feira, 8 de março de 2012

MICROCONTO - 2

 Ele sempre fora um homem de ir até as últimas consequências. Fumou seu último cigarro e bebeu sua última dose. Apostou sua última ficha. Saiu pela última porta à direita e usou sua última bala, manchando sua última camisa branca.

MULHER, SIMPLESMENTE

 Para não fugir à regra, em homenagem a todas as mulheres que deveriam ser lembradas hoje, quero recordar uma delas, com admiração pelo que pensa, pelo que faz, pelo que sofre e, sobretudo, pela persistência com que defende aquilo no que acredita que seja o melhor para seus filhos e para a humanidade.

                                                                MST - Mulher

Hoje,
quero estar contigo
na hora de colocar o fermento
e de amassar o pão.
No momento de atender o filho;
na hora do choro;
do ranho;
da fome;
do medo da tormenta
na barraca preta.

 Depois,
 quero viver contigo
 doando a vida
 para engravidar a terra.
 A hora do mate,
 os filhos brincando,
 o marido cansado,
 a novela das oito.

Muito depois,
quero estar na formatura
da professoranda
e na festa
da filha casando.

 Enfim,
 quando, envelhecendo,
 os netos chegando,
 a luta findando,
 a terra frutando,
 entrega seu corpo
 ao chão que no ontem
 ou no anteontem
 - já nem lembro bem -
 recebeu o sangue
 daqueles sem-medo
 que lutaram por nós.

(Wenceslau Gonçalves/2001)

Que bueno la vida

Que bueno el vuelo
del pájaro en el cielo
sin cadenas, ni jaulas.

 Que bueno el sueño
 del niño en la cuna
 Y el sueño del hombre en la tierra
 sembrando la vida.

Que bueno el brazo
del joven sin armas.
Que bueno el abrazo;
que bueno un pedazo
del mundo sin odio.

 Que bueno los campos sin alambrados;
 que bueno las flores
 con todos los colores.

Que bueno los ojos
que miram mis ojos.
Que bueno la espera;
que bueno los viejos;
que bueno los hijos,
amigos y amores.

Qué bueno la vida!

(Wenceslau Gonçalves/Laguna dos Patos, 2002)

quinta-feira, 1 de março de 2012

A R A M B A R É

 Para quem ainda não sabe, Arambaré é uma pequena comunidade, emancipada há apenas 20 anos, situada à margem da nossa Laguna dos Patos, distante 140km de Porto Alegre. Foi formada de partes dos municípios de Camaquã e Tapes. É um balneário tranquilo que, na temporada de veraneio tem sua população de cerca de 4.000 "almas" (Essa é antiga!) aumentada para, segundo alguns, 20.000 ou mais, principalmente no período de final de ano e carnaval.

 Morei na cidade durante dez anos. Enquanto estive lá, procurei participar de tudo que entendi que pudesse contribuir para o crescimento da comunidade em todos os sentidos. Uma dessas atividades foi atuar como correspondente local, - com uma página semanal - do jornal Gazeta Regional, editado em Camaquã. Um dos trabalhos mais interessantes que tive oportunidade de divulgar naquele veículo foi um que denominamos "Arambaré, ontem" e no qual transcrevia textos elaborados por Marlei Gonçalves, membro de uma das tradicionais famílias do lugar, que se dedica (ainda hoje) a pesquisar sobre o passado e a cultura de Arambaré. Depois de um ano sem contato, voltamos a conversar, recentemente, sobre o trabalho que ele realiza junto com outros abnegados moradores que deverá resultar na edição de um livro sobre a história da cidade. O inusitado da publicação é que será toda em versos, originados da veia poética do "Tio Neco", um arambarense por adoção do qual falaremos com detalhes em outra oportunidade.

 De uma de nossas conversas com o Marlei, consegui arrancar-lhe um texto para a publicação aqui neste espaço. Uma bela alegoria sobre uma das riquezas mais conhecidas da cidade que, inclusive, serve como símbolo do lugar: as centenárias figueiras nativas que encantam os visitantes. Ei-lo:

                                         A    GRANDE   FIGUEIRA
                                                                                    Marlei Gonçalves

 Quando eu nasci? Só Deus sabe!

 Talvez tenha caído do bico de um passarinho - uma minúscula semente de figo - há muitos anos.

 Cresci aos poucos, protegida por outras árvores, alimentando-me do humo molhado pelo orvalho das madrugadas. Tornei-me a maior e mais alta árvore da região do lado oeste da Laguna dos Patos, servindo como um farol natural, marcando a direção.

 O primeiro bicho-homem que aqui apareceu foi um índio desgarrado a procura de caça. Foi nessa época que fui batizada com o nome de "Figueira da Justa" em homenagem a uma velha índia que viveu junto ao meu tronco e aqui fez morada.

 Na primavera, quando clareava o dia, era como se fosse cortina de um teatro que se abria para apresentar um espetáculo - o mais belo do mundo! O verde, com diversas nuanças, coloria as folhas das árvores e pássaros de toda espécie cantavam, anunciando um novo dia. A paz e a natureza faziam parte do espetáculo.

 Aos poucos, foram surgindo pessoas, barcos, navegações, mas convivendo com certa harmonia. Os primeiros carreteiros que aqui chegaram, foram protegidos pelos meus galhos como se fosse uma mãe que abraça seus filhos.

 A vida foi passando, passando, passando...até que chegaram os tempos modernos...

 O mais incoerente aconteceu. Quando terminou a minha paz, trocaram meu nome de "Figueira da Justa" para "Figueira da Paz".

 Penduraram garrafas de plástico em meus galhos. Instalaram lâmpadas artificiais com faroletes direcionados para cima de minha copa. Calçaram com cimento em volta de minhas raízes, construiram casas ao redor e fecharam com cercas e muros como se fossem donos do mundo. E, como se não bastasse, nos fins de semana uns loucos instalam som que, com a batida surda, mais parece canhão de guerra do que música.

 Os passarinhos abandonaram seus ninhos; as parasitas e orquídeas murcharam suas flores e morreram. Os meus galhos foram escorados com paus como  se fossem diversas muletas para eu não cair.

 É o princípio do fim!

 "Só Deus sabe"!

(Arambaré, 07.02.2012).

OS JAGUARENSES E A POESIA - 2

                                               O     P O E T A
                                                                           (A Lobo da Costa)

O poeta, o louco sonhador de encantos
Que o sentimento no cantar traduz
Que entoa à pátria peregrinos cantos
Como torrentes divinais de luz

 Colhendo palmas de alegria, tantas
 Que só êxtase do sentir produz,
 Arroja os nadas sociais às plantas
 Quando se eleva às regiões azuis.

O poeta altivo que somente exalta
Os são princípios, as virtudes altas
Que só aplausos fervorosos dão.

 Ufano, sempre a conquistar vitórias,
 O poeta, o rico de talentos e glórias,
 Não tem às vezes pr`a comer um pão!


Praxedes Pires da Costa (1865-1931)
Blib: Idílios e versos, 1882 - Melodias, 1886.
(In Sonetos gaúchos/Sonetária, vol. I, pág. 47)

sábado, 28 de janeiro de 2012

OS JAGUARENSES E A POESIA

 Há algum tempo venho mantendo uma ideia de organizar uma coletânea que reúna uma amostra da poesia publicada na imprensa de Jaguarão, durante um determinado espaço de tempo. Sei que uma das boas fontes existentes é a hemeroteca do Instituto Histórico de Jaguarão, que tem um rico acervo de jornais antigos, onde muitos jaguarenses publicaram trabalhos.

 Com minha adesão a este tipo de comunicação (blogue), achei que poderia antecipar aqui alguma coisa, independentemente de concretizar ou não aquele sonho. Estou começando, hoje, portanto, com material que encontrei na obra "Sonetos Gaúchos - Sonetária", organizado e anotado por nosso conterrâneo -Falecido em Porto Alegre há pouco tempo - Pedro L. Villas-Boas em parceria com Luiz Alberto Garcia do Prado (edição de 1989). Essa obra nos apresenta uma boa amostra dos autores gaúchos que se dedicaram ao soneto. Entre estes, vinte são jaguarenses. Confesso que, de alguns deles, nunca havia tomado conhecimento nem por citação.

    A Imprensa e a Música                                  

     Aurélio de Bitencourt

Das fímbrias do Oriente, em gazes envolvida,
Um dia alevantou-se a Deusa alabastrina!...
Na fronte lhe esplendia - aurora diamantina -
A luz que o mundo alaga - o sol da Nova Vida!...

   Imóvel...da amplidão no éter soerguida
   ela fita o Universo!...a plaga bizantina -
   Dos romanos o mundo...A terra colombina...
   Desdobravam-se a seus pés, na sempiterna lida!

Em nítida Vinheta, em tipos luminosos,
O esforço, o gênio, a arte e os fastos gloriosos
num livro imprime a Deusa - ela que tudo sabe!

   Mas de repente pára...e trêmula, escutando
   uma harmonia vaga...uns sons que vão chegando,
   Cerra o livro...No livro, Música não cabe!

Aurélio Viríssimo de Bitencourt - Jaguarão, 1849-1919
Bibliografia: dispersa (poética).

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A N D A N Ç A S - 4

eu e o Pessoa
(Porto Alegre - 18.01.12)

Cafézinho n'A Brasileira

Já estamos em Porto Alegre. As "andanças" acabaram e estamos curtindo o retorno ao verão tradicional da nossa terra que inunda tudo de luz, e o sol gaúcho está maravilhoso. Como podem observar, antes de viajar, claro que fiz questão de levar um papo com Pessoa e tomar um cafezinho no local onde ele esteve tantas vezes. Pelas roupas podem ter uma idéia da temperatura que estava fazendo naquele dia. Acrescente-se uma vantagem que tive com a volta - retornei a minha idade normal que tinha sido acrescida de mais duas horas ao chegar a Portugal, significando que havia ficado mais velho.

Agora, estou apenas arrematando com alguns assuntos que deveria ter abordado anteriormente.

Um fato que não poderia deixar de mencionar, que trouxe muita animação para os portugueses, é a recente deccisão da ONU declarando o fado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. O VI Comitê Intergovernamental da Convenção da UNESCO, reunido em Bali, na Indonésia,
 atendeu essa reivindicação apresentada formalmente pela Câmara Municipal de Lisboa. Acredito que o fado seja uma das mais importantes manifestações culturais do povo luso.

Outra notícia importante, na mesma área, é que a cidade de Guimarães é uma das Capitais Eurpéias da Cultura em 2012. Está prevista uma extensa programação a ser desenvolvida durante este ano, abrangendo as várias formas de atividades culturais e de lazer. Muitas delas com vista aos milhares de turistas da Europa e do mundo que irão visitar aquela cidade.

Para não dizer que só falei de flores, deixo uma constatação para os leitores. Duas pragas que, no meu entender, são universais.  Quero referir-me às pixações e ao coco de cachorro. Em Lisboa, assim como em outras capitais que conheço, infelizmente, está infestada delas, fruto do comportamento de pessoas que não conseguem conviver socialmente sem deixarem suas marcas negativas. 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

LISBOA DO SONHO

                                                            (Para Fernanda, que dividiu seu coração entre Brasil e Portugal)

A tarde agoniza em Lisboa.
O sol enquadrando o castelo São Jorge
Enche meus olhos de sonho.

O 28 desce a ladeira da Graça.
O turista procura no mapa
Um lugar.

Na Tasca do Chico
Um fado chora
Na alma do cantor,
E há tanto amor
Rolando nas ruas.

Que sonho Lisboa,
De Eça e Pessoa.
Do mirante,
Do comboio
E dos reis.
Do Bairro Alto e Sodré,
Da Baixa e do Alfama,
Antiga e tão boa,
Lisboa da fé.

(Wenceslau Gonçalves - Lisboa, maio de 2005)

A N D A N Ç A S - 3



(Lisboa)
As vezes, comento com amigos que só depois de alguns dias de estar aqui é que começo a entender completamente o que falam os portugueses, eles se surpreendem um pouco. Não estou exagerando. Na sua conversação diária, esses co-irmãos costumam "engolir" o som de algumas vogais e o estrangeiro precisa acostumar o ouvido até compreender tudo que ouve. E há algumas palavras que, embora sejam do vocabulário português, não são utilizadas por nós. Algumas até já foram mas, outras, até em um contexto são difíceis de "traduzir" para a "nossa língua". Querem uma prova? Pensem no significado de algumas destas: atacador, berma, esferovite, montra, chinó, portagem, despiste, utente. A maioria delas são utilizadas no quotidiano.

Mosaicos - Quem vem a Lisboa não pode deixar de dar uma passadinha do Museu do Azulejo. Além de toda a história sobre essa manifestação artística originária dos árabes, no local pode ser apreciada uma belíssima capela, em estilo barroco, quase completamente revestida de ouro, que fazia parte desse antigo convento de freiras em que, hoje, está instalado o museu.

Gastronomia - "Unir o útil ao agradável". Cabe muito bem a expressão ao passeio denominado "Lisboa Gastronômica", que fizemos no dia sete último, visitando vários locais, entre cafés, restaurantes tradicionais, manteigaria, conserveira, nos quais tivemos, ao vivo, verdadeiras aulas sobre a gastronomia de Portugal. Partimos de um quiosque, localizado na Praça Luís de Camões, onde degustamos um leite perfumado (Consumido já em 1920) indo finalizar no Bar Amigos da Severa, onde o proprietário Antônio mantém animada conversação sobre a história da prostituta que se tornou famosa por sua interpretação do fado, essa música "venerada" pelos portugueses. Esse trabalho pioneiro é desenvolvido por três jovens - a Vanessa, a Mafalda e o Paulo - que,  com o sucesso do trabalho, estão constituindo uma empresa para dar conta das solicitações. Os interessados podem contactá-los através do endereço eletrônico lisboaautentica@gmail.com

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A N D A N Ç A S - 2

 (Lisboa)
 Em Portugal em plena crise, assim como em outros paises da Europa, discute-se à exaustão causas e consequências das medidas que estão sendo tomadas e as que serão postas em prática por alguns anos segundo as previsões de entendidos e "opinantes". Muitas das queixas são nossas velhas conhecidas: os causadores do problema (O capital financeiro, principalmente) sairão por cima enquanto as "vítimas" de sempre (e em qualquer País) - o povo - é que, irá, mais uma vez, ser prejudicado. Os movimentos organizados têm reagido com paralisações pontuais que não chegam a causar muito problema, a não ser os costumeiros prejuízos financeiros das empresas atingidas.

 Na questão da União Européia, uma das medidas mais lembradas tem sido o desmantelamento da principal atividade econômica ("económica" se diz aqui) de Portugal - a indústria pesqueira - que teve sua frota quase totalmente desativada. E estamos falando da maior frota da Europa na especialidade. Este ano, os portugueses obtiveram um aumento de 4% nas suas quotas de pesca de bacalhau.  Lembra-se, também, que, "na altura" (Expressão portuguesa) os agricultores receberam subsídios para "não produzirem". Nós,  simples mortais, não conseguimos entender como um País sobrevive sem sua principal atividade econômica se não houver, antecipadamente, uma nova atividade planejada que a substitua.

 A voz corrente é que, agora, quem decide tudo por aqui é a "Troika" (Referência ao FMI, a União Européia e o Banco Central Europeu). A maioria das condições impostas vem em prejuizo principalmente da população de baixo poder aquisitivo. Entre essas providências, estão aumento de impostos (Algumas aliquotas do IVA pularam de 13% para 23%), o corte do 13º e 14º salários e a demissão gradativa de, no mínimo, 30.000 funcionários públicos. Para não fugir à regra, os professores foram aconselhados pelo Primeiro Ministro a emigrarem para países de língua portuguesa. Os professores gaúchos já ouviram de tudo, em matéria de desculpa,  mas, acho, que isso ainda não.

 Há, também, uma reação contra a Alemanha, cuja chanceler vem conduzindo as negociações. A Alemanha que, inicialmente não foi favorável a uma ajuda da Comunidade para os países em crise, teve que voltar atrás provavelmente pela pressão dos bancos alemães que são os principais credores dos endividados europeus.
Mais uma vez a banca consegue impor suas condições.


 A chegada da China, através da compra do controle da principal empresa de energia do País - a EDP - é um fato que deve ter reflexos em toda Europa. Ela vai servir de porta de entrada para os chineses em outros setores nos quais já anunciaram que estão interessados, como, por exemplo, bancos e turismo.  Não esqueçamos que a nossa Eletrobrás também era uma das pretendentes no negócio junto com a Alemanha. A China, com previsão de crescimento de mais de 8% em 2012 precisa buscar onde aplicar seu capital. Aliás, ela já está presente no Brasil no setor petrolífero. Politicamente, alguns analistas políticos extranharam que um País agora conduzido por um governo de direita tenha se entendido tão bem com os comunistas chineses. Parece, que em "matéria de livre mercado" (?) ainda temos muita coisa para ver!