quarta-feira, 23 de novembro de 2011

R E T O R N A N D O

(Direto de Jaguarão) 
  Voltar a Jaguarão, para mim, é, quase sempre, descobrir algo novo ou "redescobrir" alguma coisa que já fazia parte do meu almanaque,mas que me revela algum detalhe que, no cotidiano, não houvesse percebido pela força da rotina que, ao longo da vida, teima em nos privar de muitas vivências  boas.  Assim foi desta vez. Tomei conhecimento de algumas coisas boas e de outras não tão boas. Algumas anotações quero deixar registrado aqui para apreciação dos leitores.

MUSEU DO PAMPA - Para os que não estavam e nem estão na cidade: no dia 17 deste mês foi, finalmente, assinado o contrato para a construção do Centro de Interpretação do Pampa, que será erguido junto às ruínas da antiga Enfermaria. A cerimônia ocorreu na Unipampa, com a presença da Superintendente do IPHAN, Ana Meira; da Reitora da Universidade, Maria Beatriz Luce; do representante da empreiteira - Marsou Engenharia, Vicente Souto Júnior, além do Prefeito Cláudio Martins e outras autoridades municipais. As obras devem iniciar no próximo mês com previsão para serem concluídas em 450 dias. A instalação do Museu ocasionará uma completa transformação urbana e social em toda aquela área.

SEBO - Para mim Sebo é sempre notícia. Sou um dos maiores frequentadores desse tipo de estabelecimento onde quer que ande, por  dois motivos óbvios: "fanatismo pela leitura e pouca grana". O retorno desse tipo de empreendimento em Jaguarão é motivo de alegria para estudantes e "amantes da cultura" (Essa é antiga, hein?). O "Literatum Sebo" (magnum.soria@hotmail.com) está funcionando há oito meses e vem conquistando admiradores mesmo sendo um espaço modesto no tamanho. Por enquanto, abre somente aos sábados. Quando estive lá não tive oportunidade de conversar com o proprietário (Magno Soria), mas, em compensação, mantive uma agradável palestra com a sra. Deni Echevenguá, que é inquilina e colaboradora do Sebo. Fizemos uma boa retrospectiva no tempo, descobrindo algumas amizades comuns, tudo em nome do "saudosismo" e do "bairrismo" próprio dos jaguarenses. Quem vier a Jaguarão e tenha oportunidade, visite o  Literatum. Fica ali na Rua General Câmara, 768. Não vai se arrepender.

MATRIZ DO ESPÍRITO SANTO - Tive chance de manusear, embora superficialmente, o livro sobre a Matriz do Espírito Santo, de autoria do conterrâneo Eduardo Souza Soares, lançado recentemente, e confesso que fiquei impressionado com o trabalho, especialmente no que concerne às reproduções das obras de arte que fazem parte do acervo da Igreja, assim como algumas que pertencem ao Instituto Histórico. O trabalho fotográfico do Carlos Wiliam Caetano enriqueceu sobremaneira o livro. Também possibilitou que o ceramista Cléber Carvalho mostrasse seu talento, ao contribuir com uma réplica em cerâmica do templo, que ilustra a capa do livro. Em breve estarei "degustando" o trabalho completo. Cumprimentos a todos os responsáveis que tornaram possível a publicação. Confirmamos com o autor, em contato pessoal, nossa disposição de fazer o lançamento da obra na Capital, no próximo ano, quando for oportuno.

POLUIÇÃO SONORA - Deixei a nota negativa para o fim, sem que isso denote que o assunto não é deveras importante. Acho necessário, urgente e, ouso dizer, uma questão de saúde pública. Se não houver, de imediato, uma legislação restritiva em relação à utilização de equipamentos e veículos que ocasionam intensa poluição sonora - com o crescimento da cidade que se anuncia - acho que corremos o risco de tornarmos inviável e tranquilidade das pessoas, principalmente nos finais de semana. É abusiva a utilização de todo o tipo de aparelho sonoro, que impede os cidadãos de exercerem seu direito constitucional ao descanso. Alguém precisa tomar uma iniciativa. O Executivo ou o Legislativo são poderes legítimos para iniciarem esse processo.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Z Ô O B R A S I L

 "Zôo de macacos galhofeiros, plagiando o viver dos estrangeiros desde o batismo às universidades". Nunca esta afirmativa do saudoso poeta Lauro Rodrigues esteve tão atualizada quanto hoje. Embora sua magistral obra - Senzala Branca - da qual consta o belo poema que dá título ao  livro, tenha sido publicada em 1956, o significado da crítica está, hoje, sobejamento demonstrado em nosso cotidiano e deve ser motivo de preocupação para aqueles que têm um pouco de amor às coisas que dizem respeito à cultura brasileira.

 Quem não se depara em todo lugar , e a qualquer momento, com um tamanho número de palavras e expressões em inglês, fruto dessa desenfreada campanha da mídia que resulta em abafamento de manifestações culturais nacionais autênticas? Faça uma experiência: dê um passeio crítico em um centro comercial (traduz-se para "shoping center") desses modernos e veja quantas lojas têm nome em português. E mais: quantos deles em língua nacional têm "adaptação" à língua inglesa, isto é, com "letras dobradas" (Eu já vi "becco") ou com os intrometidos apóstrofos, querendo copiar o caso genitivo da língua inglesa? Com minha experiência nessas observações, ouso dizer que, o percentual de denominações de estabelecimentos comerciais com nomes ingleses, nesses locais, chega a atingir 80% ou mais.

 Reconhecidamente (e inevitavelmente), as línguas sofrem influência de outras culturas. A nossa, rica em termos "ajenos", é um bom exemplo. Em nosso vocabulário foram incorporadas inúmeras palavras de outras culturas. O que, no entanto, está excedendo em nosso caso, é a substituição pura e simples de palavras portuguesas por expressões estrangeiras que são, de fato, impostas pela força econômica dos que detêm o poder de decidirem por nós. Há, igualmente, uma imposição por parte da mídia comprometida, dizendo que tipo de música temos que ouvir, só para citar um dos exemplos mais gritantes. Quer uma prova? Ligue um rádio e tente escutar música brasileira de boa qualidade em uma emissora e depois faça uma comparação. Observe, também, o "fundo musical" que costumam ser oferecidos em supermercados, restaurantes e outros estabelecimentos. A diversidade é praticamente inexistente. A única opção que nos resta é ouvirmos o som importado.

 Voltei ao assunto a propósito de uma intrusão em nossa cultura que estão querendo nos enfiar goela abaixo. Falo do "halloween" (Escreve-se assim?), festa que, nos Estados Unidos, acontece no final de outubro. O pior é que conta com a adesão (ou conivência?) de professores, justamente os que deveriam ter mais cuidado em colaborar para a preservação da cultura brasileira.  

 As gerações que surgiram "pós meios de comunicação de massa" acabam introjetando de tal forma a cultura alienígena que ela chega a identificar-se para eles como nossa. Será exagero acreditar que, nesse ritmo, dentro de algumas décadas, não vai mais existir uma língua e uma cultura brasileiras? A única reação possível que vejo, é desenvolver uma consciência de que não precisamos sucumbir à massificação da anticultura brasileira e latino-americana que a mídia despeja cotidianamente sobre nós. É preciso dizer "não" antes que nos transformemos em brasileiros aculturados.

(Matéria publicada na Gazeta Regional de Camaquã, em 23.09.05. "Revista e melhorada" para postagem nesta data).

P A I N E L

O PIG EM AÇÃO - Já se deram conta como o PIG tem investido contra o Ministro da Educação?Atribuem-lhe a "culpa" pelos recentes problemas ocorridos no exame do ENEM como se ele pudesse evitar a existência no País de cidadãos corruptos que surrupiaram provas para usarem em seu proveito.
Bom, na nossa "santa mídia" eu já li uma crítica insinuando que o Lula (na época, presidente) era responsável por erros em um cartaz sobre um programa de governo...Será que é falta de assunto ou alguma outra coisa inconfessável?

GARIMPANDO - É o que mais faço na nossa tradicional feira de Porto Alegre. Desta vez, descobri, em um caixote, uma preciosidade em ótimo estado de conservação, que, infelizmente, ainda não possuia: "Gente e Coisas da Fronteira Sul", de autoria de nosso conterrâneo Sérgio da Costa Franco. São, como ele mesmo denomina, ensaios históricos onde desenvolve estudo sobre nosso município. Em uma das fotos, datada de 1951, pode-se observar a bela fachada do antigo (e demolido) Hotel Susini (ou Aliança). Soube, também, que a primeira jaguarense, nascida em 2 de novembro de 1802 (há exatos 210 anos) chamava-se Vasca em homenagem ao então comandante da Guarda, Vasco Pinto Bandeira. A população de Jaguarão, em 1890, era de 10.827 habitantes. Os interessados nesse tema, encontram essas e tantas outras informações, críticas e comentários em suas 189 páginas.

BOA NOTÍCIA - Reproduzo aqui informação "chupada" do blog da Confraria dos Poetas de Jaguarão, onde seguidamente me atualizo sobre novidades na cidade. Aprovada na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara Federal o substitutivo do Dep. Jerônimo Goergen ao Projeto do Dep. Marco Maia, também gaúcho, que inclui 30 cidades brasileiras (12 no Rio Grande do Sul) no rol de Exportadores Varegistas Nacionais. O passo seguinte é a Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal, onde sua aprovação possibilitará, na prática, a implantação da chamada "zona franca" em Jaguarão. Continuamos na torcida!